MINIBANCOS

Bcodex, de APIs para 'fintechzação' de empresas, estreia já prevendo breakeven

A infratech se considera uma 'API para leigos' - algo comparável ao advento das interfaces amigáveis dos computadores pessoais nos anos 1980, que popularizaram seu uso

Pedro Rosa/BCodex - Imagem: divulgação
Pedro Rosa/BCodex - Imagem: divulgação

A Bcodex, infratech que nasceu em 2023 com o propósito de oferecer soluções financeiras ‘amigáveis’ para transformar empresas em minibancos, acaba de anunciar sua estreia oficial. E já prevê sair do vermelho em 2024. Ou seja, atingir o breakeven tão sonhado por toda startup – isso, em pouco mais um ano de vida.

Na disputada seara onde escolheu atuar, a Bcodex optou por um caminho um pouco diferente, segundo Pedro Rosa, sócio-fundador e CEO da Bcodex.

A Bcodex se considera uma ‘API para leigos’: “Os comerciantes não entendem e nem precisam entender de finanças ou de tecnologia para usar nossas aplicações”. Algo comparável ao advento das interfaces amigáveis dos computadores pessoais, nos anos 1980, que popularizaram seu uso. “É simples de operar, com ícones e um ‘arrasta e solta'”, afirma Pedro. API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicação.

“Somos uma infratech de serviços financeiros customizados. Em vez de oferecer APIs de serviços puros, oferecemos uma combinação deles”, disse, com exclusividade para Finsiders Brasil. Para ele, isso é inovador e permite aos seus clientes montar uma oferta de microsserviços customizada.

“Se uma rede de lojas quer oferecer seguros atrelados à venda de um produto, e/ou também opções de crédito, para diversificar suas receitas, nossa API viabiliza isso de forma integrada, simples, intuitiva”.

A receita da empresa vem de um pequeno percentual de cada transação, com um valor de franquia mensal. Até o final de 2024, a expectativa é de que sejam movimentados cerca de R$ 5,3 bilhões através de suas aplicações.

Novidade na área

Em 26/3, a Bcodex lança um produto que integra o Pix com carteira digital e produtos de pagamentos com créditos e microsseguros, tudo combinado. É o que Pedro chama de “evolução”, já que o propósito inicial era explorar apenas a trilha do Pix. A Bcodex começou desenvolvendo APIs que permitiam “programar o dinheiro”, configurar recebimento por diferentes credores (Split Pix), e oferecer o Pix no conceito buy now, pay later – compre agora, pague depois. A ideia agora é ser um hub de serviços para pagar contas, tributos, capitalização, entidades filantrópicas (doação premiada), seguros.

Segundo Pedro, a Bcodex percebeu que, no mercado, havia uma assimetria entre o que os players ofereciam e o que os clientes queriam. “Muitas empresas não financeiras querem e podem se tornar uma fintech para oferecer serviços financeiros dentro da sua rede. Isso inclui, por exemplo, uma maquininha POS (ponto de venda, na sigla em inglês) com marca própria. Nós desenvolvemos uma interface simples e integrada, que não apenas facilita a operação como gera economia de custos”, afirma. Segundo ele, até bancos grandes que têm problemas com legado usam a Bcodex em seus aplicativos.

Além da solução diferente, há outras razões para explicar a rápida decolada da BCodex. A startup é o terceiro empreendimento de Pedro, paulista formado administração de empresas com especialização em engenharia de dados, que fez carreira em Brasília. Sua experiência de 12 anos em pagamentos de serviços públicos, mais a participação no Lift Learning do Banco Central e como mentor da aceleradora Endeavor forjaram a base ao desenvolvimento do negócio.

Sócios

Em julho de 2023, Pedro e os sócios captaram investimento junto ao Grupo Entre Investimentos, para “construir uma infraestrutura robusta.” O Grupo Entre entrou no mercado de adquirência em 2022, quando comprou a Global Payments no Brasil, rebatizada de EntrePay.

Segundo Pedro, a Bcodex consumiu, até agora, investimentos de cerca de R$ 4,8 milhões, e nasce com clientes como a EntrePay e a Wealth Money, plataforma de empréstimos entre pessoas também do grupo Entre. Além disso, tem parceria com a Phoebus Tecnologia, especializada em captura e processamento de transações.

Pedro explica, ainda, que ao viabilizar a função de banco para empresas nao financeiras, a Bcodexx não quer concorrer com bancos, nem vender produtos, mas sim vender cobranças integradas a uma maquininha, com foco no valor de processar esse serviço com inovação.

“O que a gente quer é levar a solução para o mercado, de uma forma democrática, apoiando a constante necessidade de inovação dos nossos clientes, fazendo chegar mais valor para o lojista, consumidor ou contribuinte que está na ponta. Queremos pulverizar o acesso a esse tipo de soluções financeiras mais sofisticadas e ajudar os clientes a acessarem novas fontes de receitas, reduzirem custos e se tornarem mais competitivos”.