Um maior equilíbrio no mercado de câmbio é a grande expectativa com a sanção do novo marco legal, que moderniza as regras para este segmento.
Antes, os serviços poderiam ser apenas executados por bancos ou corretoras autorizadas. Ou seja, nas mãos de poucas instituições. Fintechs tinham que gastar tempo e dinheiro para pedir autorização do Banco Central (BC) para poder operar.
Thiago Oliveira, CEO da Zebra, conta ao Finsiders que teve desembolsar quase R$ 100 mil por mês somente para poder atender as exigências do regulador.
A fintech, focada em atender as necessidades das empresas de pequeno e médio porte em relação a transações internacionais, conseguiu o aval e começou a operar em julho de 2021. A carência das PMEs por recursos é tanta que, antes mesmo da sanção desse marco legal e com uma concorrência cada vez mais crescente no Brasil, a empresa colhe resultados significativos.
Com quatro meses de operação, a Zebra é apontada como a 3ª instituição de câmbio que mais cresceu entre julho e novembro, conforme levantamento feito pelo BC, atrás apenas dos bancos Crédit Agrocele e Modal. Já transacionou mais de R$164 milhões, sendo que no seu primeiro mês movimentou R$ 20 milhões. Sua base conta com 300 usuários cadastrados.
A empresa tem como sócia a ACE, responsável por levantar o capital inicial com investidores.
Hoje, os principais clientes da fintech são do setores hortifrutigranjeiro, indústrias de menor porte e linha de serviços, como transferências internacionais de salários, consultoria para negócios que atuam com esses recebíveis.
Para este ano, as previsões são igualmente promissoras. Thiago explica que a expectativa é investir em time e mirar em novos setores de atuação. Segundo ele, a fintech pretende investir R$ 10 milhões em tecnologia neste ano, mas ainda estudam se irá vir do “próprio Thiago” ou de fundos.
“Vamos fazer isso semelhante a que a XP faz, por meio de correspondentes cambiais, transformar stakeholders, despachantes, agentes de cargas em licenciados Zebra”, afirma o empreendedor em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Entre as novidades de soluções para 2022 está o lançamento de uma ferramenta com Inteligência Artificial com modelo preditivo de câmbio, assim como oferecer cashback em criptomoedas e disponibilizar linhas de crédito aos clientes.
Desta forma, a companhia espera passar dos US$ 5 milhões de transações e média por mês, para US$ 45 milhões. Além disso, a expectativa é crescer a base para 750 usuários cadastrados até o final do ano.
A fintech utiliza ferramentas de inteligência artificial para mapear possíveis riscos. Com a Zebra, as empresas podem enviar apenas dois documentos e em até 24 horas a análise cadastral é realizada.
“É comum grandes bancos e corretoras colocarem um spread alto para afastar as PMEs pois elas oferecem riscos maiores, principalmente de compliance. As taxas podem ser chegar a ser 40% a 50% maiores para essas companhias, e ainda não são transparentes. Mirar nesse segmento nos fez crescer não só em volume transacionado, mas também no negócio. Nos tornamos a 3ª instituição bancária com maior velocidade de crescimento nos últimos meses e estamos em 8º lugar em volume de importação entre as corretoras que atuam nesse setor. Isso, inclusive, nos colocou à frente de alguns bancos tradicionais”, afirma Thiago.
Um mar de oportunidades
Na avaliação de Thiago, com a “baita oportunidade” oferecida pelo novo marco legal, há espaço para todos atuarem, principalmente as fintechs que o empreendedor avalia serem as maiores concorrentes da Zebra.
“Há espaço para todo mundo. Hoje, o mercado movimenta R$ 5 trilhões e está concentrado em grandes bancos. Com o marco legal, isso vai ser diluído”, entende.
De fato, as fintechs estão bem conscientes disso e se preparando para escalar no Brasil.
A britânica Wise por exemplo, que atua com pessoas físicas e jurídicas no mundo todo, vem investindo em novas soluções e anunciou recentemente o lançamento, no Brasil, de um cartão de débito internacional pré-pago, que permite compra em mais de 50 moedas durante viagens internacionais ou no ecommerce.
Em relação às transferências internacionais, uma das principais competidoras é a Remessa Online, que fechou parceria em julho do ano passado com nada menos que o Nubank e, em dezembro, foi adquirida pela Ebanx por R$ 1,2 bilhão.
Sem falar de outros nomes de peso como a FacilitaPay, Bexs Banco, Husky, entre tantas outras que não param de se movimentar.
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