"CSU nunca gerou tanto resultado como agora", diz diretor de RI

Com dinheiro no caixa, a empresa de infraestrutura em serviços financeiros está de olho em fusões e aquisições: "M&A é uma agenda viva na companhia", afirma Pedro Alvarenga

Nos últimos quatro anos, a CSU Digital (antiga CSU CardSystem) investiu mais de R$ 220 milhões em tecnologia — mais de R$ 120 milhões somente em 2021 e 2022. Os esforços foram voltados para novas soluções de pagamento digital, novas avenidas de crescimento e também para a digitalização de processos e operações. A estratégia parece estar surtindo efeito: no ano, as ações da empresa sobem 37,5%. Atualmente, o negócio é avaliado em R$ 650 milhões. 

“Quem apostou há quatro ou cinco anos que, para a CSU construir essa ponte para o futuro, a empresa iria destruir valor, errou. Porque foi o oposto. A companhia nunca gerou tanto resultado como agora, o que mostra como esses novos produtos, novas verticais e a digitalização são elementos importantes para o negócio”, enfatiza Pedro Alvarenga, diretor de relações com investidores (RI) da CSU, em entrevista ao Finsiders.

Por ora, segundo ele, a companhia tem priorizado o crescimento orgânico. No entanto, o executivo não descarta possíveis fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). “Se há alguns anos os múltiplos das empresas estavam completamente proibitivos, agora o cenário é diferente e abre oportunidades”, diz Pedro. “Então, M&A é uma agenda viva na companhia. Somos uma empresa que gera caixa. Assim, a tendência é ser ‘consolidadora’ no médio e longo prazo.”

De acordo com o executivo, a lógica de M&A na CSU está mais relacionada a acelerar o ciclo de desenvolvimento e lançamento de alguma solução no roadmap do que fazer operações para buscar “coisas novas”. 

Novas avenidas de crescimento

Como parte dessa recente transformação, a empresa reorganizou e rebatizou suas verticais de negócio. A CSU Pays inclui processamento de cartões — origem da empresa —, mas também banking as a service (BaaS), adquirência, marketplace de crédito e programas de fidelidade e incentivo (loyalty). Já a CSU DX (de digital experience) oferece soluções de atendimento e relacionamento com o consumidor. 

“Se nascemos ‘monoproduto’, no processamento de cartão, hoje nos tornamos uma companhia que consegue operacionalizar toda e qualquer oferta de serviços financeiros, com contas digitais, Pix, Pix parcelado, criptomoedas”, destaca o executivo. “E a parte de loyalties completa essa oferta porque um dos grandes desafios hoje é como garantir a principalidade no engajamento dos usuários.”

Fundada em 1992 por Marcos Ribeiro Leite, a CSU foi a primeira processadora independente de cartões no Brasil. Ao longo do tempo, especialmente dos anos 2000 para cá, a empresa ampliou sua atuação para serviços de BPO de atendimento e, mais recentemente em 2021, anunciou a entrada oficial em BaaS. Segundo Pedro, em abril deste ano a oferta completa de BaaS passou a ser disponibilizada ao mercado. 

BaaS

“O BaaS passou por uma longa jornada de implantação. Fomos desenvolvendo cada um dos módulos sistêmicos, baseados em microsserviços. A segunda etapa envolveu fazer tudo conversar entre si, e cruzamos essa linha de chegada recentemente, em abril”, explica Pedro. As soluções, contudo, ainda estão em fase de ‘soft launch’, diz ele.

De acordo com o executivo, existem quatro características fundamentais numa operação de infraestrutura em serviços financeiros, inclusive BaaS. Uma delas é a disponibilidade sistêmica. “Imagine numa Black Friday o sistema sair do ar. Isso não pode acontecer”, afirma. Outro fator é a velocidade de processamento de transações. “Se levarmos mais do que 3 segundos para processar uma transação de cartão, estamos rompendo um SLA de contrato”, diz. 

Fonte: Apresentação institucional publicada no site de RI

Completam essa lista os itens capacidade de gerir riscos e prevenir fraudes e, ainda, parametrização das múltiplas regras de produtos nos sistemas e tecnologias. “Precisamos ter um nível alto de execução nesses quatro itens. Por isso os clientes nos procuram. Temos casos de empresas que confiam em nós há décadas.”

Com mais de R$ 290 bilhões processados (TPV) nos últimos 12 meses — até o segundo trimestre de 2023 —, a CSU tem uma carteira com mais de 40 clientes B2B. No portfólio estão empresas como Porto Seguro, Banco Mercantil, Tribanco, iFood, Ticket (Edenred), banQi e Listo, entre outros. “Temos priorizado clientes de alto volume, com pelo menos 200 mil a 300 mil contas. É nesse segmento que viramos um ‘game changer’”, afirma Pedro.

‘Hiper automação’ de processos

Outra peça-chave para a estratégia de crescimento da CSU nos próximos anos é o sistema de ‘hiper automação’ (HAS, na sigla em inglês). A plataforma recém-lançada utiliza tecnologias como inteligência artificial (IA), machine learning, RPA e outras ferramentas para automatizar processos de onboarding, prevenção a fraudes e contestação de despesas, por exemplo. 

“Um fluxo de contestação de despesa, por exemplo, que tradicionalmente leva quase 4 minutos, conseguimos reduzir para 1 minuto e meio. Além de obter mais eficiência e diminuir custos, estamos falando de praticamente eliminar erros”, destaca Bruno Costa, diretor de produtos da CSU. A solução promete também diminuir em até 75% o tempo médio dos processos de ‘backoffice’.

Neste momento, a empresa está rodando um piloto com dois dos seus maiores clientes — ambos da indústria financeira. São cerca de 250 mil transações/mês que já passam por esse novo fluxo, diz Bruno. Daqui para frente, a expectativa é atrair, principalmente, companhias dos setores financeiro, seguros e telefonia. 

A nova solução funciona, ainda, como uma “porta de entrada” para os demais produtos de infraestrutura em serviços financeiros. Isso porque a implementação de BaaS é uma jornada com um ciclo de venda mais longo, explica Pedro. “Muitas vezes, o cliente já tem processos correntes em suas operações que podem ser automatizados. 

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