ESTRATÉGIA

Pantore vai das compras coletivas ao crédito para restaurantes

Há cerca de 5 meses, startup pivotou o negócio e agora planeja lançar novos produtos e serviços financeiros para empresas de 'food service'

Fundada em 2020, a Pantore surgiu com a proposta de levar o modelo de compras coletivas (lembra do Peixe Urbano?) para bares e restaurantes, negociando melhores preços e descontos com distribuidores e atacadistas. Com essa tese, a empresa chegou a somar cerca de 400 mil vendas por mês e uma base com mais de 6 mil estabelecimentos. Mas, como muitas startups, sofreu com o ‘inverno do venture capital’ em 2022. Como se não bastasse, concorrentes mais bem capitalizados, como as colombianas Frubana e Chiper, ganharam força.

Nesse contexto nada favorável, a Pantore manteve a operação até março do ano passado, quando os fundadores, Yonathan Yuri Faber e Renan Pupin, decidiram que seria hora de pivotar e, assim, virar fintech. A startup enxergou uma oportunidade em dar um empréstimo de curto prazo para financiar a compra de mercadorias de bares, restaurantes, mercadinhos e padarias pelo Brasil. 

“Capital de giro é uma das principais dores dos restaurantes. Em sua maioria, são pequenos negócios que não possuem acesso a crédito nos bancos e a única alternativa que têm é a antecipação de recebíveis de cartão”, diz Faber, CEO e cofundador da agora Pantore Pay, em conversa com o Finsiders. “Estamos fazendo a diferença na vida de micro e pequenos empreendedores que nenhum banco quer ajudar.”

O negócio

Um dos diferenciais da fintech, segundo o CEO, é que o recurso serve apenas para pagar fornecedores de alimentos e bebidas. Ou seja, trata-se de um crédito carimbado. Pelo app, as empresas de food service — bares, restaurantes, padarias e mercadinhos — têm acesso a uma linha de crédito com 7 dias de prazo para pagar fornecedores via boleto ou Pix. Os distribuidores e atacadistas, por sua vez, recebem o dinheiro na hora. Para colocar essa engrenagem de pé, a Pantore Pay usa uma plataforma de banking as a service (BaaS), cujo nome não é revelado. 

A receita vem do que a empresa chama de taxa de serviço — em média, R$ 19. “Não chamamos de juros porque não somos instituição financeira”, diz o CEO. De acordo com ele, o novo modelo de negócio começou a rodar há cerca de cinco meses e está crescendo. Até agora, por exemplo, os clientes já pagaram mais de 250 fornecedores, incluindo nomes como Ambev, Coca-Cola, Heineken, Frubana, Cayena e outros.

O empreendedor não abre informações sobre a operação atual, mas diz que a expectativa é chegar ao final de 2024 emprestando algo como R$ 10 milhões por mês. Hoje, os tíquetes variam entre R$ 350 e R$ 600 por operação. “Temos bastante caixa para emprestar”, afirma Faber, quando questionado sobre a necessidade de funding

Além de escalar o novo modelo, a Pantore Pay também planeja lançar outros produtos e serviços financeiros para fidelizar a base de clientes. “Nossa ideia é se tornar um banco digital para restaurantes e bares”, aponta o fundador. “Já estamos operando no Brasil inteiro, investindo bastante em marketing e fazendo parcerias.”

Ainda com a tese inicial de compras coletivas, a startup levantou uma captação com investidores-anjos e recebeu, no início de 2022, um cheque de US$ 500 mil (cerca de R$ 3 milhões, no câmbio da época) da aceleradora norte-americana Y Combinator. “Para o que estamos fazendo agora, tem anos de caixa ainda”, garante o empreendedor.

Mercado

Com a proposta de crédito para restaurantes, o que mais se assemelha à Pantore Pay hoje no Brasil é o empréstimo dado pelo iFood via MovilePay. A fintech do grupo Movile, inclusive, opera desde o ano passado como Sociedade de Crédito Direto (SCD), o que lhe permite emprestar com recursos próprios.

Existem, ainda, fintechs que buscam facilitar o pagamento entre varejistas e fornecedores, mas não exclusivamente no segmento de bares e restaurantes. Entre essas empresas estão, por exemplo, Trademaster, Tino (antiga TruePay) e PayHop.

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