BizCapital vai lançar novos produtos de crédito e prevê chegar a 100 mil clientes

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A BizCapital, fintech de crédito para pequenas e médias empresas, está construindo o “sistema operacional” dos pequenos negócios. É uma visão de futuro que vai ganhar força a partir de agora, mas começou no fim do ano passado com o lançamento da conta digital. “Vamos lançar em breve outros produtos de crédito integrados à conta”, revela à Finsiders Francisco Ferreira, sócio-fundador da BizCapital.

Com uma base de 12 mil clientes, a carteira da fintech vem crescendo de forma acelerada — em outubro de 2020, por exemplo, eram 7 mil. A expectativa é terminar 2021 com 100 mil clientes — o foco é em empresas que faturam até R$ 5 milhões ao ano, principalmente dos setores varejista e serviços.

O momento para a BizCapital é de escalar o produto da conta digital, lançada em novembro de 2020, mas também de dar sequência ao plano de desenvolvimento de novos produtos.

“Temos visão de ser uma espécie de banco da pequena empresa, e chegamos nesse mercado com todo know-how de produtos de crédito.”

Ferreira não abre quais modalidades de crédito começarão a ser oferecidas este ano, mas pelo perfil dos clientes, a avenida de crescimento passa por produtos como antecipação de recebíveis. O empreendedor sabe que esta nova fase significa concorrer com mais fintechs, não apenas com aquelas que dão crédito para PME.

Chatbot

Para reduzir o tempo de atendimento dos clientes, a BizCapital fechou recentemente uma parceria com a IBM para adotar o Watson Assistant. Com quatro meses de vida, o robô Berta — como é chamado o chatbot da fintech — já representa quase 90% dos atendimentos, com suporte a qualquer horário do dia.

Desde que a assistente virtual começou a operar, o tempo de atendimento caiu de cinco minutos do telemarketing tradicional, para 47 segundos. O chatbot responde dúvidas sobre produtos e os requisitos para pedir crédito, explica as etapas do processo, dá informações sobre status dos pedidos realizados pelos clientes, condições e saldos, além de indicar documentos faltantes.

“No início, a meta era automatizar metade do trabalho de atendimento, mas conseguimos automatizar quase 90%.”

PME

Os produtos e serviços financeiros para PMEs são um oceano azul, mas também vem se mostrando um mar vermelho com mais competidores. É sabido que existe espaço para diferentes ofertas, dado o número de negócios de pequeno e médio porte no país, que respondem pela maioria das mais de 20 milhões de empresas ativas.

Nesse segmento, fintechs e bancos digitais vêm avançando e atraindo investidores de peso. E concorrem, claro, com  grandes nomes, como Inter, Nubank, Original, Neon e BTG Pactual com seu recém-lançado BTG+.

A Conta Simples captou no ano passado um seed money de US$ 2,5 milhões, liderado pelo Quartz, veículo de Venture Capital cujo um dos investidores é a família de José Galló, charmain da Renner. A rodada teve participação dos fundos FJ Labs, Big Bets, DOMO Invest, AbSeed e dos ex-sócios da XP Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Pedro Englert.

No ano passado, a Cora, dos ex-Moip Igor Senra e Leonardo Mendes, foi autorizada pelo Banco Central (BC) a operar como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD). A fintech começou com conta digital e ferramentas de gestão para PMEs, e vem testando novos produtos, como cartão de crédito e antecipação de recebíveis. Capitalizada está. Em 2019, a empresa havia recebido US$ 10 milhões, numa captação liderada pela Kaszek e pelo Ribbit Capital.

O Linker, fundada pelos ex-executivos de bancos, Ingrid Barth (ex-JP Morgan e Neon), David Mourão (ex-Itaú e Vinci Partners) e Daniel Benevides (ex-Neon), anunciou em dezembro uma rodada seed de R$ 12 milhões, conforme antecipou a Finsiders. Entre os investidores estão a Darwin Capital, que já investiu na Zoop, Marcelo Sampaio, fundador da gestora Hashdex, Roberto Nishikawa, ex-Itaú Unibanco, além de alguns anjos e family offices. Foi a primeira captação feita pelo Linker, em operação desde o começo de 2019.

A própria BizCapital levantou uma série B de R$ 85 milhões no ano passado, dividida em dois aportes. O primeiro, anunciado em junho, no valor de R$ 65 milhões, liderado pelo DEG (Deutsche Investitions – und Entwicklungsgesellschaft), braço de investimento internacional do banco de desenvolvimento alemão KfW, em conjunto com o MELI Fund, fundo de corporate VC do Mercado Livre. Em outubro, a fintech divulgou um investimento de R$ 20 milhões, dessa vez feito pela Oikocredit, investidor de impacto baseado na Holanda.