XP dobra lucro no trimestre e vai acelerar serviços bancários

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“Antes, éramos uma empresa de investimentos focada em ‘ajudar os brasileiros a investir melhor’. Hoje, somos uma empresa que visa ‘transformar o mercado financeiro para melhorar a vida das pessoas'”, escreve Guilherme Benchimol, no texto de abertura dos resultados do primeiro trimestre da XP Inc. O executivo passa o bastão oficialmente na semana que vem para Thiago Maffra, atual CTO. Benchimol seguirá como presidente do conselho de administração da instituição.

O “big dream” da XP é atender a toda jornada financeira dos brasileiros. O movimento já começou nos últimos anos e ganhará força este ano com investimentos do Banco XP, como a inclusão de novos produtos, como novas modalidades de crédito, conta digital, pagamentos, seguros e câmbio. Em março, a instituição lançou oficialmente seu cartão de crédito. E não vai parar por aí. O plano é ampliar a oferta de serviços bancários, atendendo não apenas a pessoa física, mas também empresas de pequeno, médio e grande porte.

“A expectativa é que o sistema financeiro brasileiro gere cerca de R$ 770 bilhões em receitas em 2021. Em 2020, representamos pouco mais de 1% do total. A avenida de oportunidades para transformarmos este ecossistema é ampla, e não vamos descansar até que isso aconteça”, enfatizou Benchimol no texto.

Se depender do crescimento dos KPIs nos últimos trimestres, a trajetória será acelerada. A XP dobrou o lucro líquido recorrente no 1º tri de 2021, para R$ 846 milhões. O Ebitda (lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) saltou 75%, para R$ 1 bilhão. Já a receita bruta atingiu R$ 2,8 bilhões, um incremento de 50%.

Ao final de março, a companhia alcançou R$ 715 bilhões em ativos sob custódia (alta de 96%). Já a base de clientes ativos cresceu 47%, chegando a 3 milhões nos três meses encerrados em março.

O cartão de crédito com bandeira Visa, lançado há dois meses, movimentou (TPV) um total de R$ 505 milhões. O crédito colaterizado (com garantia de investimentos), produto lançado em fevereiro de 2020, somou uma carteira de R$ 4,7 bilhões, depois de terminado o ano de 2020 com R$ 4 bilhões.

Nas operações de mercado de capitais, a receita cresceu 77% ano contra ano, passando de R$ 132 milhões no primeiro trimestre de 2020 para R$ 234 milhões nos três primeiros meses deste ano. O aumento foi puxado pela atividade de equity capital markets (ECM), com 12 negócios executados no 1º tri, contra cinco em igual intervalo de 2020. Já a divisão de dívida (DCM) teve a participação da XP em 43 operações no primeiro trimestre, contra 36 no mesmo período de 2020.

Mercado aquecido

A disputa no mercado de investimentos está interessante. O principal concorrente hoje da XP vem fazendo movimentos. Na segunda, o BTG Pactual — que já tinha comprado a Nécton por R$ 348 milhões — anunciou a aquisição de 100% do capital da Fator Corretora, numa estratégia para reforçar o segmento de assessoria de investimentos.

Ontem, o Nubank recebeu o sinal verde do Banco Central (BC) para comprar a Easynvest. Há alguns dias, também foi aprovada pelo BC a compra de 60% da Toro Investimentos pelo Santander. Já a Warren, corretora e gestora digital, divulgou um aporte Série C de R$ 300 milhões, em rodada liderada pelo GIC, fundo soberano de Cingapura e investidor do Nubank, inclusive.

Num modelo semelhante ao da Warren, outro nome que avança de maneira acelerada é a Vitreo. Fundada em 2018, a gestora também iniciou atividades de DTVM em maio de 2020, e hoje soma mais de R$ 10 bilhões sob custódia e mais de 55 fundos próprios, atendendo mais de 100 mil clientes.

No ano passado, a Magnetis lançou também sua própria corretora, depois de comprar a John Deere DTVM, que pertencia ao conglomerado do Banco John Deere. O plano é fazer a migração dos investidores — que hoje aplicam pela Easynvest, parceira da fintech — para a distribuidora própria. A mudança não será obrigatória para os atuais clientes que queiram permanecer com seus investimentos na corretora recém-comprada pelo Nubank, disse recentemente ao Finsiders Luciano Tavares, CEO e fundador da Magnetis. E tampouco o objetivo é se transformar numa plataforma aberta de investimentos, com home broker, garantiu o empreendedor.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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