Dock, de banking as a service (BaaS), compra BPP e avança no Pix

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Seria o começo da consolidação do mercado de banking as a service (BaaS)? Agora há pouco, a Dock, empresa de tecnologia para meios de pagamento e digital banking, anunciou a compra da BPP (antiga Brasil Pré-Pagos), instituição de pagamento (IP) especializada em BaaS. O valor da operação não foi revelado.

Com a conclusão da operação, sujeita à aprovação do Banco Central (BC), a Dock passará a se integrar diretamente ao Sistema Financeiro Nacional (SFN).

“Estrategicamente, aceleramos nossa integração direta ao Sistema Financeiro Nacional, adicionamos grandes nomes à nossa carteira de clientes e ampliamos as soluções oferecidas”, diz Antonio Soares, CEO da Dock, em comunicado.

A BPP é integrante do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), com o código 301 e participante direto do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), o que a permite conectar participantes indiretos ao SPI.

Por dia, a companhia tem processado mais de 1 milhão de transações via Pix. Desde que o sistema de pagamentos instantâneos foi lançado pelo BC, em novembro de 2020, a BPP já realizou mais de 100 milhões de transações, com um volume financeiro superior a R$ 4,5 bilhões.

Com a aquisição, os clientes da Dock terão mais uma opção para transacionar no SPB, além das instituições financeiras já parceiras da Dock — entre eles, o banco BV. Abrem-se também novas oportunidades para a Dock, como a de prover o serviço de participante indireto no SPI por meio do seu canal direto.

Com mais de 160 milhões de contas e mais de US$ 50 bilhões em pagamentos processados anualmente, a Dock oferece em uma só plataforma serviços de emissão de cartões, digital banking, soluções de adquirência, além de soluções de risco e compliance.

Atualmente, atende empresas em diversos segmentos, como varejo, mobilidade, instituições financeiras, startups e fintechs, entre elas, nomes como C6 Bank, Bitz (wallet do Bradesco) e Conta Simples. Com o deal, a carteira crescerá para mais de 200 clientes e parceiros. Já os cerca de 150 colaboradores da BPP se unem à Dock.

A operação ocorre dois meses depois de a empresa ter unificado as três marcas (Conductor, Dock e Muxi) sob a marca Dock. Agora em outubro, trouxe três novos membros independentes para o conselho: Patricia Pomies, COO da Globant; Mark Shifke, CFO da Billtrust; e Sam Schrauger, global head de payments do Airbnb.

“Vamos continuar oferecendo os nossos dois modelos de serviço: software as a aervice (SaaS) e banking as a service (BaaS). Construirmos e operarmos tecnologia para as nossas próprias entidades reguladas cria um grau maior de confiança dos nossos clientes em nossas soluções”, diz Fred Amaral, chief product & technology officer (CPTO) da Dock, também no comunicado.

No fim de 2020, a Dock (então Conductor) recebeu um aporte adicional de US$ 20 milhões da Temasek, da Cingapura. O cheque se somou à rodada de US$ 150 milhões, liderada pela Viking Global Investors, com participação da Sunley House, afiliada da Advent.

No fim de julho, a empresa foi alvo de uma notícia da Reuters sobre um possível IPO nos Estados Unidos. Na época, a empresa não comentou a informação.

A movimentação da Dock vem num momento em que o segmento de BaaS está por demais aquecido. Para refrescar sua memória, um dos competidores de Dock e BPP, a Hub Fintech, foi comprada pelo Magazine Luiza por R$ 290 milhões.

Nesta semana, a Porto Seguro fechou a aquisição de 74,6% da Atar, fintech de Timbó (SC), por valor não revelado, com intenção de avançar em seus planos em serviços financeiros.

Recentemente, a multinacional Tivit ingressou na área com uma nova plataforma, que já tem três contratos assinados — duas fintechs e um grande ERP –, conforme revelou o diretor André Correia ao Finsiders.

Já a CSU vai alocar mais de R$ 150 milhões nos próximos cinco anos para crescer sua recém-lançada unidade de negócios em BaaS. Potenciais aquisições estão no radar, disse o diretor de RI, Marcos Leite, ao Finsiders, em julho.

São competidores ainda neste mercado players como Bankly, da Acesso (comprada este ano pelo Méliuz); Zoop (investida da Movile); Qesh; Hash; Swap, além dos bancos BV, Original e, mais recentemente, ABC Brasil e Citi. 

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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