Terceira fase do Open Banking começa hoje, mas não espere surpresas

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Mesmo com pedidos para novo adiamento, a terceira fase do Open Banking começou hoje (29). Embora a expectativa seja alta com soluções cada vez mais inovadoras, isso só virá no futuro. O presente é ainda de muito trabalho para todos os participantes desse ecossistema de compartilhamento de dados financeiros.

Esta nova fase era para ter começado em agosto, mas foi adiada para este final de outubro, conforme o Finsiders noticiou em primeira mão aqui. O mercado (associações, fintechs, bancos) esperava que fosse novamente adiado e até recomendaram isso ao Banco Central (BC).

Até ontem à noite, o Finsiders apurou que as certificações para que as instituições operassem no primeiro ciclo da fase 3 não estavam prontas. Mas não teve jeito, hoje começou. A reportagem procurou o BC para atualizar essas informações, mas ainda não obteve resposta.

No geral, a terceira etapa no Open Banking integra os meios de pagamento, por meio dos iniciadores (ITP). Hoje, começam as transações via Pix e assim como a fase 2, será, inicialmente, oferecido por clientes selecionados pelas instituições participantes, além de que os demais arranjos entrarão de forma escalonada. Os próximos a entrarem serão pagamentos com TED e transferência entre contas na mesma instituição, no dia 15 de fevereiro.

O mercado acredita que esta é a fase mais importante tanto em termos de oportunidade de inovações, quanto pelo fato de o Open Banking se inserir realmente no dia a dia dos brasileiros.

Um exemplo prático que pode ocorrer agora é que o consumidor, ao fazer uma aquisição no e-commerce, terá menos etapas para concluir o pagamento. Quem nunca chegou a desistir de uma compra por ter dificuldade no processo? A frase mais dita na apuração do Finsiders foi de que esta terceira etapa “será revolucionária”.

Mas Bruno Loiola, cofundador e chief growth officer da Pluggy, manda o recado: “não espere soluções inovadoras a partir de hoje”. Fábio Lins, superintendente de Pix e Open Finance do Banco Original, compartilha dessa expectativa.

O executivo afirma que o banco é uma das instituições já preparadas para operar na fase 3. Contudo, antes da confirmação da data, ele entendia que não seria um problema adiar esta terceira etapa para que mais iniciadores de pagamento estivessem prontos, o que o especialista acreditava ser o caso da grande maioria.

Além disso, ele avalia que, como a fase 2 ainda enfrenta problemas, a prorrogação seria prudente para que as instituições financeiras — cerca de 13 estão nesta etapa — focassem na segunda etapa de implementação do Open Banking.

Conforme demonstrado no último Open Finance Conference, a fase 2 ainda enfrenta dificuldades de conectividade (ou interoperabilidade), o que não permite acesso fácil aos dados e, assim, que muitas ofertas sejam geradas aos clientes bancários. A impressão que dá hoje é de que a fase 2 seja uma fase de testes, o problema é que ela já ocorre em mar aberto.

Bruno Loiola comenta que ele mesmo permitiu o compartilhamento de dados com algumas instituições e até agora não recebeu ofertas.
Como disse Ricardo Taveira, fundador e CEO da Quanto, no evento: “Sinto que estamos no segundo minuto do primeiro tempo ainda”.

De qualquer forma, segundo Bruno, os casos de uso virão no longo prazo e que o próximo unicórnio pode estar agora na garagem na sua casa criando algo baseado no que está acontecendo até agora na implementação do ecossistema de compartilhamento de dados financeiros.

Tanto que a fintech lançou recentemente um serviço que facilita o acesso a dados do Open Banking por aqueles que necessariamente não estão no sistema financeiro nacional.

A plataforma de API permite uma comunicação estável e segura entre provedores de serviços financeiros e consumidores. “Um futuro unicórnio está na garagem de sua casa agora, mas precisa destravar suas informações. A Pluggy visa isso. Queremos abaixar as barreiras de adoção do Open Finance por qualquer empresa”, aponta.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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