Na corrida dos 'super apps', seis empresas brasileiras, mostra FT Partners

Por Fernando Barbosa*, para o Finsiders

Iniciada na China, a estratégia de agregar varejo a serviços financeiros em uma única plataforma ganhou força há alguns anos com as experiências de fintechs de gigantes como WeChat e Alibaba (WeChat Pay e Alipay, respectivamente).

Desde então, o movimento ganhou força em diversas plataformas ao redor do mundo. Os exemplos são inúmeros, inclusive na América Latina.

O banco de investimentos norte-americano FT Partners acaba de publicar um relatório chamado “The race to the super app”, mapeando 60 empresas que têm se destacado para integrar a oferta de serviços financeiros e não financeiros.

No atual cenário global, a instituição entende que, ao mesmo tempo em que os players do ocidente podem encontrar dificuldades para disponibilizar todas as funcionalidades disponibilizadas pelos chineses, dada as diferenças estruturais do mercado, há uma clara disputa em ascensão para suprir, em um só lugar, as necessidades dos consumidores.

Dessa forma, o banco de investimento observou duas tendências de negócios emergentes: uma liderada por serviços financeiros e a outra como agregadora de serviços.

Na ponta de serviços financeiros, há um movimento classificado como ‘the winner-take-all’. O approach começa com a oferta de serviços bancários ou financeiros para construir uma ampla base de clientes.

Aos poucos, a experiência do usuário é acrescida com o intuito de tornar o app a sua primeira opção nas finanças. A californiana de pagamentos Square e a corretora digital Robinhood são alguns exemplos.

Por outro lado, as companhias que atuam no modelo agregador focam no desenvolvimento de camadas digitais de experiências ou mesmo marketplaces, para conectar seus clientes a um ecossistema que leva conta digital e soluções financeiras. Google, Apple e PayPal são alguns que adotaram tal estratégia.

Na América Latina, a compreensão é que se trata de um mercado “atrativo” para os aspirantes a super apps. Alguns dos motivos são a sua ampla população desbancarizada, a alta penetração de smartphones (na casa dos 70%) e o alcance do público mais jovem.

Entre as startups da região, aparecem empresas brasileiras como Nubank, RecargaPay, Magalu, Inter, PicPay e Neon (que recentemente recebeu um aporte de R$ 1,6 bilhão e conquistou o status de unicórnio). Mas a colombiana Rappi, a argentina Mercado Livre e a mexicana Kueski, além do WhatsApp (que pertence à Meta), também estão no páreo.

Nos Estados Unidos, a corrida pelos super apps vem esquentando nos anos recentes. Em um mercado tão fragmentado como é o norte-americano, alguns dos responsáveis pela tendência são as instituições tradicionais, os bancos digitais, fintechs de consumo e gigantes como Apple e Google.

No entanto, dois players em especial ganharam relevância na estratégia de criar uma plataforma completa: PayPal e Walmart. No caso da fintech, o caminho escolhido é a expansão contínua da oferta de soluções para se tornar a primeira opção financeira dos usuários.

Por sua vez, a varejista contratou executivos do Goldman Sachs e firmou uma parceria com a firma de Venture Capital Ribbit Capital (investidora do Robinhood) para criar a sua fintech.

Na Europa, a disputa inclui fintechs como Revolut e Klarna e bancos digitais como N26 e Monzo. As diferentes preferências de consumidores em países do velho continente aumentam o desafio para implementar um único aplicativo e a construir uma base sólida de usuários, destaca a instituição.

Por fim, em outro ponto do relatório, o banco de investimentos lembra o potencial do Open Banking para os que desejam seguir a trilha de super apps.

Para o FT Partners, os princípios do sistema financeiro aberto permitem o avanço do ‘embedded finance’, o que viabiliza a oferta de produtos diretamente aos consumidores.

*Fernando Barbosa é jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi. Passou por jornais como Diário de São Paulo e DCI e pelas revistas Dinheiro Rural e Globo Rural. Também já contribuiu com os sites NeoFeed e PEGN. Atualmente, escreve para UOL e Finsiders. É apaixonado por futebol e corintiano fanático (assim como o editor-chefe do Finsiders, Danylo Martins).

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