Gavea lança mercado privado de commodities em blockchain e crédito tokenizado

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Em operação há cerca de um ano e meio, a Gavea Marketplace criou uma bolsa digital de commodities em blockchain (com tecnologia Corda, da R3) — uma espécie de mercado de balcão — que já soma mais de US$ 3 bilhões em ordens de compra e venda, correspondentes a mais de 6 milhões de toneladas de produtos. A expectativa é chegar perto dos 10 milhões de toneladas de grãos (como soja e milho) até o fim deste ano.

Na base de mais de 200 clientes ativos, estão grandes players do agronegócio, como Amaggi, Agro Amazônia, FS Bioenergia, Inpasa, Gavilon, Lavoro, Cofco, Viterra, entre outros. “Agora queremos pulverizar a base, descendo na cadeia, aumentando a gama de ofertantes — principalmente médios e grandes produtores — para fazer mais negócios”, diz Vítor Uchôa Nunes, CEO e fundador da Gavea.

Com exclusividade ao Finsiders, o empreendedor e ex-diretor do BTG Pactual conta que a fintech está lançando o Gavea Private Market, uma nova solução em que os usuários poderão criar plataformas próprias para suas operações e convidar seus clientes e fornecedores para negociar, interagir e precificar seus produtos com segurança e privacidade, além de gerir posição, estoque e documentos. A nova estrutura já está disponível nas versões web, desktop e mobile.

“O private market permite que qualquer empresa crie o próprio ambiente de negociação em blockchain”, explica Vítor. “Todas as empresas estão buscando digitalizar a relação com seus clientes e fornecedores, e no private market, eles vão para um aplicativo com a identidade visual da companhia, que pode criar um estoque tokenizado, com rastreabilidade e segurança. Grandes empresas, com 5 mil a 30 mil fornecedores, se sentiam inseguros no open market.”

Para essa nova solução, a Gavea já tem quatro pilotos solicitados por revendas e tradings, além de uma indústria — os nomes não foram revelados. “As empresas que demorariam meses ou até mais para criar seu próprio ambiente transacional, agora em algumas horas vão poder começar a negociar”, afirma o fundador.

Segundo ele, os times comerciais podem precificar, fechar negócios, enquanto as equipes operacionais controlam toda execução, documentação, e estoque de produtos. Tudo registrado em blockchain, com rastreabilidade de origem e conformidade socioambiental. Além disso, com o mercado privado, a cobrança de emolumentos deixa de existir no open market. Assim, os compradores passam a ter o serviço de graça, como já ocorria com os vendedores.

Crédito tokenizado

Ao Finsiders, o empreendedor também revela que a Gavea está lançando uma linha de crédito tokenizada para produtores rurais, com valores que podem chegar a R$ 5 milhões. “Criamos um algoritmo e conseguimos determinar score de crédito para os produtores e liberamos tíquetes maiores com custo menor. Geramos CPR financeira digital, registramos no Banco Central por meio de integração em blockchain com a B3”, conta Vítor.

 

Ele não abre mais detalhes, mas diz que está negociando o funding com bancos e outras fintechs. A ideia é que essa linha seja a primeira de outros produtos de crédito previstos para lançamento.

Trajetória

A Gavea começou a ser construída por Vítor em 2019, com capital próprio. O MVP (sigla em inglês para mínimo produto viável) foi desenvolvido pelo empreendedor durante o Lift (Laboratório de Inovações Financeiras Tecnológicas), do Banco Central, em 2020. Ainda naquele ano, a fintech participou da aceleração da Plug and Play e levantou uma rodada pré-seed de US$ 500 mil liderada pela Domo Invest, colocando o piloto no ar em agosto de 2020.

Foi nessa época que entraram também os atuais sócios — Diogo Iafelice, diretor de growth e comercial, e Bruno Holtz, CTO. “Rodamos o piloto de agosto de 2020 até fevereiro de 2021, quando fomos de fato para o mercado”, conta Vítor. Em janeiro deste ano, a fintech anunciou um seed money de US$ 4 milhões, em captação liderada pela Astella, com participação da 2TM (holding dona do Mercado Bitcoin), Domo Invest, além de dois investidores-anjos e um family office.

“Estamos capitalizados por um tempo, mas dado o crescimento atual e a estratégia, vamos buscar uma Série A para esse momento de pulverização e escala, além da nossa expansão internacional”, conta Vítor. A startup acaba de realizar uma operação piloto de 60 toneladas de soka tokenizada do Brasil para Rotterdam, na Holanda. O montante equivale à carga completa de um navio. Também neste ano a Gaveta criou um programa de sustentabilidade que busca promover o controle socioambiental das commodities negociadas.

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