Open Finance, iniciação de pagamentos e real digital estão no radar da Elo

Com exclusividade ao Finsiders, a Elo anuncia que o Iniciador foi a escolhida para estrear o programa de inovação aberta Elo Conecta

Num mercado altamente competitivo, as bandeiras de cartões sabem que é preciso diversificar as linhas de receita e ingressar em novos segmentos. Um dos caminhos para acelerar essa estratégia é fazer parcerias com startups, como tem feito a Elo, a empresa de pagamentos criada por Banco do Brasil (BB), Bradesco e Caixa Econômica Federal.

Em agosto deste ano, a companhia lançou o Elo Conecta, seu novo programa de inovação aberta, que acaba de definir a primeira startup a ser acelerada. Com exclusividade ao Finsiders, a empresa anuncia que o Iniciador foi a escolhida para estrear o programa. A fintech, lançada este ano, oferece uma plataforma SaaS, plug-and-play, para empresas que planejam se tornar iniciadoras de pagamento.

“Olhamos para iniciação de pagamentos, Pix e Open Finance com a perspectiva de como entregar tecnologias para nossos parceiros [emissores] oferecerem uma melhor jornada para seus clientes”, explica Duda Davidovic, head de inovação da Elo. “Estamos atrás do empreendedor que vai se formar com a gente, que vamos testar as soluções e que esperamos que esteja no nosso portfólio e possamos apresentar para nossos parceiros.”

No Open Finance, a Elo está de olho em soluções em quatro grandes frentes: inteligência de dados, prevenção a fraudes, hub de conexão e iniciação de pagamentos. “O Open Finance é um movimento maior, de open data. Como ecossistema de serviços, preciso pensar nisso e agregar outras soluções”, destaca Duda. “Estamos olhando para pagamentos e tecnologia de maneira agnóstica. Estamos abertos a pensar e repensar nosso modelo.”

Duda Davidovic, head de inovação da Elo. Foto: Divulgação/Elo
Duda Davidovic, head de inovação da Elo. Foto: Divulgação

Por meio do Elo Conecta, a empresa busca startups em estágio inicial que tenham soluções em temas como metaverso, criptoativos, blockchain e DeFi, cibersegurança, data analytics, Open Finance, pagamentos digitais e novos fluxos de pagamento. “Temos explorado também a tese de NFTs, e nossa próxima startup selecionada é nesse campo”, revela Duda. “Queremos explorar como o NFT pode ser ‘utility token’”, diz.

Durante três meses de aceleração, as empresas têm acesso a potenciais clientes, parceiros e conexões de mercado, e podem desenvolver provas de conceito (POCs), pilotos, assim como potencialmente fechar negócios com a Elo ou os seus parceiros — mais de 40 emissores. O programa não prevê investimento da bandeira, mas isso não significa que uma parceria não possa evoluir nessa direção.

Longo prazo

“A conclusão que esperamos é ter certeza, dos dois lados, que extraímos o máximo possível de oportunidades e que saímos satisfeitos sabendo dos próximos passos”, diz Duda. “Tem inovação que pode ser extremamente incremental, e poderemos ver plugado em nosso portfólio, e também tem algumas coisas que vamos colher os frutos no futuro porque o mercado precisa amadurecer”, complementa.

A Elo começou a trabalhar com startups em 2018 e chegou a construir iniciativas de inovação aberta, em parceria com algumas aceleradoras, que resultaram em cases com startups como a mexicana Kublau, plataforma de rastreamento de cartão. Neste ano, a bandeira decidiu desenvolver um programa internamente, que é parte de um movimento maior em construção. “Vamos experimentar um novo modelo de gestão de inovação no ano que vem”, diz Duda, sem abrir detalhes.

Como parte dessa estratégia de aproximação com o ecossistema de startups, especialmente fintechs, a Elo recentemente também se tornou mantenedora do Next, programa de aceleração de fintechs realizado pela Fenasbac, a entidade que coordena o ecossistema LIFT (laboratório virtual que promove protótipos de inovação financeira e tecnológica) ao lado do Banco Central (BC). A primeira edição da iniciativa está chegando ao fim e as inscrições para o segundo batch estão previstas para o início de 2023.

Criada em 2011, a Elo soma mais de 43 milhões de cartões ativos em parceria com mais de 40 emissores, entre bancos, varejistas e fintechs. Por ano, em média, a bandeira movimenta mais de 4 bilhões de transações por ano, incluindo operações com cartões e tecnologias como QR Code.

Além dos cartões

O movimento de ir além dos cartões é um posicionamento adotado também pelas duas maiores bandeiras do mundo, Visa e Mastercard. Em almoço com jornalistas na semana passada, o presidente da Mastercard no Brasil, Marcelo Tangioni, comentou que a linha de “serviços” foi responsável por 35% do faturamento global da companhia em 2021, num sinal claro do ‘beyond cards’.

“Apesar da relevância, ainda temos muita coisa para fazer. Nos últimos cinco anos, a empresa investiu US$ 5 bilhões adquirindo 15 empresas, só para fortalecer essa vertical de serviços”, citou Marcelo.

Leia também:

Soluções de biometria facial e de voz ganham força no setor financeiro

NFC é a aposta sustentável do mercado de pagamentos

No futuro, qualquer ambiente digital poderá iniciar pagamentos

Mastercard lança programa para digitalizar microempresas em favelas brasileiras