O papel do marketing no combate a golpes financeiros

As equipes de marketing de bancos e fintechs têm se debruçado sobre ações educativas em relação a golpes financeiros, escreve Renata Marini

Por Renata Marini*
Há dois dados sobre o Brasil que apresentam um grande contraste: segundo pesquisa da S&P Global Finlit Survey, apenas 35% dos brasileiros recebem alguma educação financeira; ao passo que, no país, uma pessoa sofre uma tentativa de golpe a cada oito segundos. Essa conta não fecha, porque a informação é arma poderosa no combate a golpes e fraudes — e, por isso, é papel das empresas incentivar a educação financeira.

É também curioso notar o crescimento dos bancos digitais: segundo estudo da Akamai Technologies, em 2022, 70% dos brasileiros declararam possuir tanto contas em bancos digitais quanto em instituições físicas. É um contraste enorme com 2020, quando o número era de apenas 37%.

E é justamente no ambiente digital que os golpes mais se propagam: é cada vez mais comum que criminosos tentem enganar as vítimas (essa prática é chamada de engenharia social) via e-mail, WhatsApp e redes sociais. As transferências de dinheiro ao golpista costumam ser feitas por Pix — o dinheiro cai instantaneamente na conta dos criminosos.

Renata Marini, head de marketing e comunicação da Sinqia (Foto: Divulgação/Sinqia)
Renata Marini, head de marketing e comunicação da Sinqia (Foto: Divulgação/Sinqia)

Nada mais justo, portanto, que as instituições financeiras tracem estratégias para tentar educar e proteger seus clientes contra golpes. As equipes de marketing têm se debruçado sobre ações educativas com o objetivo de diminuir esses números alarmantes.

Todos contra os golpes

O Itaú Unibanco, por exemplo, apostou em atingir o grande público e passou a exibir na televisão, em horário nobre, três vídeos mostrando atores sendo abordados por golpistas. Os exemplos são os mais corriqueiros: mensagens de WhatsApp, falsa central de atendimento e até pedido de troca de cartão. Desconfiados, os atores dão respostas sarcásticas e bem-humoradas aos golpistas. É uma comunicação eficaz, porque serve de alerta sobre situações suspeitas pelas quais os clientes podem passar.

O Santander, por sua vez, preferiu apostar nas redes sociais: por lá, é possível saber qual foi o público mais atingido, que perfil engajou mais e ter acesso a resultados mais palpáveis. Na campanha, o ator Ary Fontoura estrela um vídeo, cheio de humor, chamado “O Vovô Tá On”.

A escolha de Ary para a campanha é assertiva: aos 89 anos, ele cativa os clientes mais velhos, mas, sendo um “influenciador digital”, também fala com os mais jovens.

Os bancos digitais também têm direcionado ações à educação financeira e à prevenção de golpes, mas têm apostado em seus blogs e redes sociais para cativar os clientes.

Leia também: O boom das contas digitais continua, mas golpes também crescem

Em junho, o C6 Bank promoveu a Semana da Conta Segura, com conteúdos online sobre segurança. Já o Nubank tem o SOS Nu, uma central com conteúdos e dúvidas frequentes sobre golpes. Além disso, o banco foi além e lançou o NuEnsina, um curso gratuito de educação financeira.

Ao mesmo tempo em que o crescimento de tentativas de golpes é lamentável, é interessante observar a criatividade das equipes de marketing — e como o trabalho delas, afinal, pode beneficiar e proteger os clientes.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos colunistas, e não a do Finsiders.

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