Venture debt ganha força e novos players exploram modalidade

A modalidade de venture debt — que permite às startups levantarem recursos na forma de dívida não conversível, em vez de vender equity — vem ganhando força.

Trata-se de uma forma de captação usada por empresas de tecnologia, entre elas, Airbnb, Facebook, Spotify e Uber, há pelo menos 30 anos. No Brasil, é algo que começa a ganhar força.

É o que mostra um report que acaba de ser lançado pela venture builder Fisher e pela plataforma Snaq, em parceria com o hub de inovação Alfa Collab (do banco Alfa).

Nos EUA, o venture debt movimentou US$ 33,4 bilhões em 2020, num total de mais de 3 mil deals. Em 2016, por exemplo, a modalidade não registrava nem metade (US$ 15 bilhões) deste volume, com 2,6 mil transações, conforme dados do Pitchbook. Este ano, até o primeiro semestre, a categoria soma US$ 13,3 bilhões em operações.

Na Europa, o mercado é bem menor, mas expressivo: foram movimentados US$ 5,9 bilhões no ano passado, um incremento de 9% em relação a 2019. Neste ano, porém, o volume já está 40% maior, atingindo US$ 8,3 bilhões, segundo dados do Dealroom via Sifted.

Na Índia, outra região apontada pelo report, o volume de venture debt chegou a US$ 427 milhões em 50 deals no ano passado, com dados até novembro. Em 2019, foram movimentados US$ 217 milhões, num total de 42 operações, de acordo com a Inc42 Plus. Já no Sudeste Asiático, o mercado de venture debt é estimado em US$ 800 milhões, segundo research da PwC.

No Brasil, ainda não há dados consolidados sobre a modalidade, justamente pelo estágio inicial. Por aqui, um dos principais players é o fundo Brasil Venture Debt, gerido pela SP Ventures, com capital de R$ 140 milhões.

O veículo tem investidores como BNDES, XP, BDMG e Bossanova Investimentos e já soma dez startups no portfólio: Ambar, Legurmê, Goomer, Kenoby, SoluBio, Smilink, Turbi, Dr. Jones, Digibee e SmartMEI — esta última que encerrou suas operações recentemente.

Além do fundo, outros nomes do setor têm criado iniciativas na área. O BTG Pactual, por meio do boostLAB, opera com venture debt. O Silicon Valley Bank levantou no ano passado um fundo de US$ 30 milhões com foco na América Latina, como informou nossos amigos do Startups.

Quem também ingressou neste mercado em 2021 foi o Alfa, por meio do hub de inovação aberta Alfa Collab, e não deve parar por aí em serviços para startups, um segmento cobiçado por bancos de investimento como o próprio BTG, além do ABC Brasil e da Genial.

“O venture debt traz para o Brasil uma mentalidade de financiamento da inovação, mais flexível e dinâmica. O foco está no compromisso com os fundadores e o crescimento de suas startups. As garantias estão na capacidade de produzir e no engajamento dos empreendedores”, diz no report Francisco Perez, diretor de novos negócios do Alfa e responsável pelo Alfa Collab e por ESG no Alfa.

Segundo Gabriela Gonçalves, managing partner do Brasil Venture Debt, a modalidade é uma alternativa para startups que estejam buscando formas de financiar o crescimento sem tanta diluição. Também pode ser usado para melhorar o captable.

“[O venture debt] é usado por startups que já encontraram seu product-market-fit e estão necessitando de capital para escala ou para melhorar seus números em busca de um valuation melhor em uma próxima rodada de avaliação”, explica no report, que pode ser baixado no site da Snaq.

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