Ripio prepara lançamento de carteira Web 3.0 no Brasil

A Argentina foi o primeiro país a usar a carteira Web 3.0, lançada pela Ripio em versão beta em julho passado

A Ripio, plataforma argentina de criptomoedas, deverá lançar em breve no Brasil sua carteira Web3.0, disse ao Blocknews o country manager da empresa no país, Henrique Teixeira. Chamada de Ripio Portal, a carteira permite conexão com aplicações descentralizadas (dApps), transações de criptomoedas e tokens como os não-fungíveis (NFTs), interação com protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e uso em metaversos. O lançamento de produtos e serviços é uma estratégia para buscar contornar os efeitos do inverno cripto sobre o setor. E no caso da exchange, uma forma de direcionar negócios para o que se vê como a “nova internet”.

A Argentina foi o primeiro país a usar a carteira, com lançamento da versão beta em julho passado. Segundo a empresa, a Ripio Portal é também a primeira do tipo criada na América Latina. A solução funciona sobre redes blockchain diferentes, incluindo Ethereum e Polygon.Também se instala como extensão de Google Chrome, Firefox e Brave. Quando anunciou a solução, a empresa afirmou que criará uma sidechain – que registra dados de outras blockchains – com foco em Web 3.0.

“O inverno cripto pode ser bom para investir. Mas é mais do que isso. É hora de explorar novos casos”, afirmou Henrique. Assim, nos últimos meses, a lista de novas ofertas inclui o Ripio Select, um atendimento personalizado para clientes com mínimo de US$ 5 mil (cerca de R$ 25 mil), e o Ripio Card, um cartão de débito com bandeira Visa, com cashback inicial de até 5% em bitcoin. No Brasil, a marca opera como Ripio e BitcoinTrade, exchange que adquiriu em janeiro de 2021. No total, a Ripio diz ter em torno de 3,5 milhões de usuários.

Henrique Teixeira, country manager da Ripio no Brasil (Foto: Divulgação/Ripio)
Henrique Teixeira, country manager da Ripio no Brasil (Foto: Divulgação/Ripio)

Essa estratégia de usar o inverno cripto para lançar produtos é a mesma de outras empresas do setor. A Bitso, por exemplo, até dia 31 de outubro vai dar US$ 10 em stablecoin para quem comprar o equivalente a R$ 500 em dólar digital e ativarem seu serviço Bitso+.

Ripio Card e Select indo bem

A Ripio começou a operar em 2013 e é uma das exchanges mais longevas da América Latina. Por enquanto, opera aqui, na Argentina, Colômbia – onde anunciou o lançamento no mês passado -, Uruguai e México. Além disso, a cofundadora Luciana Gruszeczka está trabalhando o lançamento na Espanha, onde está desde 2019.

Henrique, que começou a olhar para criptomoedas quando estava na Swift e estudava concorrentes como a Ripple, para onde foi depois, a demanda do cartão de débito e o serviço Select estão indo bem. O cartão facilita o pagamento com criptomoedas para quem tem saldo na carteira Ripio, que faz as conversões para moeda fiat. Primeiro o cliente recebe a versão digital. Com a demanda forte, precisa aguardar a entrega do físico. A meta é ter 250 mil usuários até o final do ano, mas a empresa não abre a base atual. Aliás, a plataforma foi acelerada pela Visa em 2020.

O serviço Select é pró-ativo, o que o diferencial de um atendimento de balcão OTC (over the counter), em que o atendimento da plataforma é mais reativo. Segundo o executivo, o cliente do Select conta com um gerente de relacionamento. Com a forte demanda, a startup tem precisado aumentar a equipe. Aliás, segundo ele, não houve demissões durante o inverno cripto.

Assim, a Ripio tem diferentes serviços que atendem diferentes tipos de usuários. A Ripio Wallet tem maior foco em iniciantes. Há o segmento de trade, dos usuários com mais experiência no segmento. E o Select. Um outro braço de atuação é o de ‘crypto as a service’, em que outras exchanges como Mercado Bitcoin e Foxbit também operam. A empresa faz, por exemplo, a custódia das criptomoedas do Mercado Coin, a criptomoeda que o Mercado Livre lançou no Brasil em agosto.

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Aproximação com o mundo dos jogos

Esse serviço está em uso no segmento de jogos, por exemplo. A empresa está se aproximando dessa área que só cresce no mundo todo. Assim, patrocinou o BIG Festival, que aconteceu recentemente em São Paulo, e fez a Chamada Ripio, um desafio para desenvolvedores.

“O apoio às startups passa por atividades como emissão de tokens, listagem e custódia”, afirmou Henrique, que está na empresa há um ano depois de passar pelo mercado financeiro. Sobre esse último ponto, a empresa anunciou em julho passado que criará uma sidechain – que registra dados de outras blockchains – com foco em Web3.0.

Com tudo isso e os 3,5 milhões de usuários na soma dos mercados em que atua, Teixeira diz que a Ripio quer ser reconhecida como uma empresa inovadora, mais do que a maior da região. E nesse quesito inovação, criou o Ripio Ventures, que investe em empresas da Web 3.0. “O fundo já usou 40% dos recursos e já investiu em projetos no Brasil”, disse Henrique.

As investidas incluem startups como Securitize, Brink e Arch. Do ponto de vista do investidor, “o momento é bom porque as startups precisam de recursos”. E assim como no segmento de startups em geral, em blockchain as avaliações de valor também estão caindo.

A própria Ripio também é uma investida. Em setembro de 2021, por exemplo, recebeu um aporte de US$ 50 milhões (cerca de R$ 250 milhões) numa rodada série B. O investimento foi liderada pelo Digital Currency Group (DGC) e acompanhada pelo fundo Amplo VC, assim como teve a presença de investidores individuais como Marcos Galperin, fundador e CEO do Mercado Livre, e Martin Migoya, fundador e CEO da Globant.

Agenda da ABCripto

Como membro da ABCripto, associação de empresas que atuam no setor, a Ripio está alinhada à agenda da instituição sobre o projeto de lei que está aguardando a segunda votação na Câmara dos Deputados. Essa agenda inclui defesa da separação dos ativos de clientes e das exchanges e necessidade de estrangeiras terem CNPJ para atuarem no Brasil. Esses dois pontos entraram na redação depois que o PL passou no Senado e foi para a Câmara.

A Ripio deixou a ABCripto em março de 2021, devido à denúncia que a associação fez contra a Binance, alegando oferta irregular de serviços no Brasil. Na ocasião, saiu porque alegou que tinha negócios com a maior exchange do mundo. Voltou em abril de 2022. Para Henrique, mesmo sem regulação específica para criptos, “aqui não é o faroeste”. Isso porque há o Banco Central (BC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Receita Federal, por exemplo, com regras que se aplicam ao setor.

*Este conteúdo foi originalmente publicado pelo portal parceiro Blocknews.

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