Aportes em fintechs na América Latina caem 41% em 12 meses

Em janeiro, as fintechs na região levantaram US$ 313 milhões, o equivalente a 46% do volume recebido por startups latinas, mostra Sling Hub

No pior janeiro em cinco anos para as startups latinoamericanas, as fintechs na região continuaram como a vertical que mais captou recursos no primeiro mês do ano. Ao todo, as empresas do setor levantaram US$ 313 milhões, o equivalente a 46% de todo o volume recebido por startups latinas.

Segundo o report mensal produzido pela plataforma de inteligência de dados Sling Hub, a participação das fintechs no montante total de investimentos está próxima à média de todo o ano passado, que ficou em 48%. Desconsiderando o round da Scanntech (que levou as retailtechs para a segunda posição), os setores que receberam maior volume de investimento foram energia (US$ 47 milhões) e biotech (US$ 31 milhões).

Apesar de responderem pela maior fatia no bolo de aportes em startups na América Latina, não dá para dizer que as fintechs não foram afetadas nos últimos 12 meses. Muito pelo contrário. A cifra captada em janeiro deste ano ficou 41% abaixo do valor registrado no mesmo mês de 2022, quando as fintechs latinas haviam captado US$ 536 milhões.

Na lista de top 10 funding rounds no primeiro mês do ano na América Latina, as fintechs responderam por sete dos negócios. Entre eles, estão o generoso seed money de US$ 15 milhões recebido pela Parfin e a rodada Série A de US$ 14 milhões da fintech colombiana Cobre.

Startups

Os dados da Sling Hub mostram que o ano não começou fácil para o ecossistema de startups como um todo na América Latina. No primeiro mês de 2023, as empresas captaram US$ 674 milhões em 71 deals. Foi o janeiro com menor número de rounds nos últimos cinco anos.

Fonte: Sling Hub

Esse resultado representou uma retração de 48% ano contra ano, mas um crescimento de 38% em relação a dezembro. Já o o tamanho médio de round ficou em US$ 12 milhões, valor 28% menor ante janeiro de 2022.

Seguindo a média de 2022, o Brasil concentrou 48% do volume levantado (US$ 321 milhões). Desse total, os dois maiores rounds incluíram receivable funds (tipo de captação associada à estrutura FIDC no Brasil) e o terceiro foi na modalidade debt, sugerindo que métodos alternativos de captação estão ganhando espaço, especialmente entre as startups de late-stage, analisa a Sling Hub.

M&A

O Brasil também segue sendo o país mais relevante na região para o mercado de M&A, representando 63% dos compradores e 52% das startups adquiridas. De forma semelhante, fintech continua sendo o setor mais adquirido, com seis negociações fechadas, seguido por marketing e HRTechs, com quatro e dois deals, respectivamente.

No total, janeiro registrou 22 transações de M&A, sendo 20 aquisições e duas fusões. Esse resultado representou uma redução de 31% em relação a janeiro do ano passado, mas um crescimento de 37% quando comparado a dezembro de 2022.

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